Evento acontece dia 24 de maio, no CRAB, no Rio de Janeiro, com participação de representantes da cadeia produtiva do Carnaval para discutir desafios, propor soluções e lançar pesquisa pioneira com profissionais do setor
O Rio de Janeiro será palco de um evento inédito: o 1º Fórum de Sustentabilidade do Carnaval de Rua. O encontro acontece dia 24 de maio, sábado, no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), na Praça Tiradentes, e vai reunir cerca de 100 participantes – entre trabalhadores do comércio ambulante, artistas, produtores, pesquisadores e representantes de blocos e coletivos que constroem, ano após ano, a maior manifestação cultural popular do Brasil.
As inscrições para participar são gratuitas e vão até esta quinta-feira (22), às 18h, pelo formulário específico. O resultado será enviado por e-mail na sexta-feira, dia 23. São critérios de seleção: ordem de inscrição (com prioridade para quem se inscrever primeiro); atuação comprovada no carnaval (o evento é exclusivo para trabalhadores e trabalhadoras do carnaval de rua); número de vagas disponíveis.
Das 9h às 17h, serão realizadas três mesas de debate com mediação especializada e presença de agentes atuantes no Carnaval de Rua, além do lançamento de uma pesquisa inédita com profissionais do setor. O evento é gratuito, mas os convites serão distribuídos de forma direcionada, com curadoria de perfis representativos da cadeia produtiva do carnaval. Um relatório com os principais diagnósticos e propostas será publicado após o encontro, assim como um registro audiovisual completo, disponibilizado online e com acessibilidade. O encontro terá acessibilidade plena, com tradução em Libras e infraestrutura adaptada, e encerramento festivo com cortejo do Cordão da Prata Preta.
A primeira mesa, “Sustentabilidade Econômica – Trabalhadores da Folia: Entre a economia formal e informal”, discutirá as dificuldades econômicas enfrentadas por quem vive do carnaval, discutindo precarização, remuneração e reconhecimento profissional, suas formas de trabalho e as relações com políticas públicas e o mercado, que garantam condições para realização dos desfiles.
Na sequência, a segunda mesa, “Sustentabilidade Social – Carnaval de rua para quem? Diversidade, acessibilidade e representatividade”, convida à análise crítica sobre inclusão, participação e o direito à cidade nos territórios da folia, para refletir sobre os limites e exclusões no acesso à festa.
A terceira e última mesa, “Sustentabilidade Ambiental – O impacto ambiental do Carnaval de Rua: desafios e responsabilidades”, irá tratar dos efeitos do carnaval no meio ambiente urbano e das estratégias possíveis para um carnaval mais consciente e comprometido com o planeta.
Idealizado pelo produtor cultural Lucas Ramos, o Fórum nasceu da escuta sensível aos profissionais da folia e da urgência em construir soluções reais para os desafios que ameaçam a continuidade do Carnaval de Rua. Ao lado das produtoras Bianca Toledo e Lara Frigotto, e do jornalista e gestor cultural Léo Feijó, o projeto foi contemplado no edital da FAPERJ para eventos científicos e tem apoio institucional do SEBRAE, que cedeu o espaço e oferece suporte à realização.
Com mais de sete milhões de foliões nas ruas e impacto econômico superior a R$5 bilhões (considerando dados de 2025, divulgados pela Riotur), o Carnaval de Rua do Rio de Janeiro movimenta centenas de setores – da cultura ao turismo, da alimentação aos serviços. No entanto, essa grandiosidade também escancara desafios: precarização do trabalho, desigualdade de oportunidades, dificuldades de financiamento, impactos ambientais e ausência de políticas públicas consistentes.
O evento surge, portanto, como um chamado coletivo à reflexão. Mais do que um acontecimento pontual, trata-se de um espaço de escuta qualificada, articulação e construção conjunta, com o objetivo de pensar o presente e o futuro da festa sob a ótica da sustentabilidade plena — entendida como o equilíbrio entre os pilares econômico, social e ambiental, com compromisso firme com a justiça social, a equidade e a inclusão de todos os corpos e vozes que compõem o Carnaval de Rua.
O Fórum também marca o início do movimento Folia Sustentável, uma iniciativa que visa fortalecer redes de colaboração e desenvolver estratégias para um carnaval economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável. A proposta é consolidar uma plataforma nacional que, no futuro, conecte agentes do carnaval em diferentes cidades e estados, promovendo intercâmbios, formações e políticas públicas voltadas à preservação e valorização dessa poderosa expressão cultural.
SERVIÇO
1º Fórum de Sustentabilidade do Carnaval de Rua
Data: 24 de maio de 2025 (sábado)
Horário: 9h às 17h
Local: Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB)
Endereço: Praça Tiradentes 67 a 71, Centro – Rio de Janeiro
EVENTO GRATUITO
Os convites serão distribuídos de forma direcionada, com curadoria de perfis representativos da cadeia produtiva do carnaval. Haverá transmissão ao vivo pelo Instagram do Fórum @folia.sustentavel
MESA 1
Trabalhadores da Folia
Entre a economia formal e informal
Horário: 10h
Rita Fernandes (convidada)
Economista, Jornalista, produtora, mestre em Bens Culturais pela FGV, fundadora e presidente da Sebastiana e do Festival Casa Bloco. Pesquisadora de cultura e carnaval, e colunista da Veja Rio.
Victor Belart (convidado)
Jornalista, produtor cultural e pesquisador, associado ao grupo Comunicação, Arte e Cidade. Fundador do projeto cidade pirata, e professor substituto da Faculdade de Comunicação da UERJ.
Aline Gomes (convidada)
Mãe de três filhos, ambulante há dez anos, produtora cultural e co-fundadora da Garagem Delas. Militante ativa na defesa do trabalho informal, atua como assessora parlamentar e cursa Direito.
Kiko Horta (convidado)
Sanfoneiro, pianista, compositor, arranjador, pesquisador da cultura brasileira e diretor artístico e musical do Cordão do Boitatá, Patrimônio Imaterial do Estado do RJ.
Bianca Toledo (mediadora)
Mestre em Direito e produtora cultural, atua na produção de blocos como Bloco do Sargento Pimenta, Bloco 442 e Bloconcé. Também trabalha com políticas públicas para cultura e carnaval.
MESA 2
Carnaval de Rua para quem?
Diversidade, acessibilidade e representatividade na folia
Horário: 13h
Tay Pio (convidada)
Artista híbrida, bailarina e professora com foco em artes corporais. Co-gestora e coreógrafa da Charanga Talismã, também integra diversos blocos como Amigos da Onça e Bloco Virtual.
Renata Carvalho (convidada)
Psicóloga e bailarina, com trajetória marcada pela luta por inclusão. Primeira bailarina cadeirante sul-americana, Musa do Cordão do Boitatá, e referência na defesa de uma folia acessível.
Sabrina Veloso (convidada)
Produtora cultural, Mestre em Cultura e Territorialidades pela UFF. Pesquisadora do carnaval de rua, cultura popular e gênero, com foco no grupo de bate-bolas Brilhetes de Anchieta.
Natasha Pasquini (mediadora)
Artista, Psicóloga, Pesquisadora e Brincante, com formação em Psicologia pela UFRJ e Estética e Teoria do Teatro pela UNIRIO. Atua em blocos como Malungüetú, Charanga Talismã e Amigos da Onça.
MESA 3
O impacto ambiental do Carnaval de Rua:
Desafios e responsabilidades
Horário: 15h
Marcele Oliveira (convidada)
Presidency Youth Climate Champion da COP30 e está liderando a mobilização de crianças, adolescentes e jovens no Mutirão Global contra a Mudança do Clima. Diretora do Perifalab, é produtora cultural e atua desde 2019 no enfrentamento ao racismo ambiental em Realengo, Zona Oeste do Rio. Fundadora da Coalizão Clima de Mudança, integrou a Agenda Realengo 2030 e o programa Jovens Negociadores pelo Clima. É mestre de cerimônias do Circo Voador e pesquisa como a juventude pode liderar a adaptação climática nas periferias através de soluções baseadas na cultura.
Cora Ayres (convidada)
Jornalista e Consultora Lixo Zero, sócia fundadora da Impacta, uma Consultoria de Sustentabilidade especializada em Gestão de Resíduos, Lixo Zero, Logística Reversa e Engajamento Ambiental.
Tiago Rodrigues (convidado)
Trompetista, toca no carnaval de rua do Rio desde 2006 em diversos blocos, entre eles, Boitatá, Céu na Terra, Prata Preta e Banda da Conceição, além de ser um dos fundadores da Orquestra Voadora.
Thaynara Fernandes (mediadora)
Bióloga formada pela UERJ e moradora do Jacarezinho. Atua com justiça climática, focando em soluções para favelas. É analista no Centro Brasileiro de Justiça Climática, co-fundadora do Coletivo Simbiose e ex-intercambista da Universidade de Columbia.